[Dica de Leitura] A Poesia do Acaso

By rodrigo araujo - agosto 06, 2010


       A dica de leitura do líriospretos vai para os interessados no movimento contracultural e na poesia spray, desde a sua origem nos muros da Sorbonne de maio de 1968 até a chegada do movimento e da poesia marginal no Brasil. O livro da Cristina Fonseca, A poesia do Acaso (na transversal da cidade) é um desses raros de se encontrar nas estantes, reúne várias poesias-spray, grafismo como define, bem como algumas entrevistas sobre essa poética que ultrapassa o código verbal, que tende para o não-verbal: icônico.





       A radicalidade do pensamento mallarmaico foi o lance de dados para a poesia concreta, reinventa um código de comunicação, joga arquitetonicamente as palavras na folha em branco, no grande branco do silêncio. Dentre a reunião de entrevistas que o livro abarca, notável a entrevista do Décio Pignatari, de setembro de 81, onde ele fala da poesia marginal, do movimento contracultural e do spray, um ato público de escrever, “um teatro urbano escritural”. Fala da relação Spray e Poesia Concreta, de suas diferenças, do instrumento que cada uma usa, bem como da relação que o grafite tem com a contra-cultura hippie. Décio salienta o fato “de o movimento contracultural hippie ser típico de sociedades avançadas, e antes de mais nada tem o seu modelo nos estados unidos” e “no Brasil o movimento contracultural sempre foi fraco, pois num país onde ainda há um grande contingente de analfabetos e semi-analfabetos, alguém que tenha talento dificilmente deixará de alcançar algum tipo de sucesso , aqui a contra-cultura é rapidamente absorvida pelo sistema”. A crítica de Pignatari vai sobre a carência da sociedade, diferentemente dos EUA onde se há grandes talentos à margem.
            Quem quiser apreciar um rico acervo de poesias que gritam nos muros, fica a dica dessa obra prima no assunto!


ARAUJO, RODRIGO M. S.

  • Share:

You Might Also Like

0 comentários